Com atividades relacionadas ao tema desde 2013, o município do interior gaúcho transformou neste ano o brincar em política pública
Por Guilherme Weimann
Nas duas últimas décadas, a educação infantil tem passado por uma profunda transformação em Butiá, município localizado no interior do Rio Grande do Sul que, atualmente, conta com pouco mais de 20 mil habitantes.
De forma institucionalizada, a educação infantil surgiu de fato na cidade em 2004, com a inauguração da primeira EMEI (escola municipal de educação infantil), voltada para crianças com até cinco anos.
No início, a escola contava com apenas 70 matrículas. “Tem um divisor de águas quando começamos a mostrar para a comunidade que a educação infantil é muito mais do que uma creche para a mãe trabalhar”, recorda Marcia Almeida, que ocupou o cargo de direção da escola por vários anos e, atualmente, é coordenadora pedagógica de Educação Infantil na Secretaria de Educação.
“Eu acredito que a questão da creche para a mãe trabalhar tem uma importância social, mas a escola não pode ser para a mãe. O foco da escola precisa ser a criança. Quando a gente muda essa visão, a gente traz a comunidade para dentro da escola”, completa a educadora, que atualmente também preside o Conselho Municipal de Educação.
Com essa virada de chave, o número de alunos saltou para quase 300, o que levou o município a construir uma nova escola voltada para os pequenos, em 2016. E o ‘brincar’, nesse contexto, também exerceu um papel fundamental.
Semana do Brincar
Inspirados nos materiais disponíveis no site Semana do Brincar (acesse “recursos” aqui), educadores e educadoras começaram a organizar atividades relacionadas ao tema do brincar há cerca de uma década. “A Semana do Brincar começou no município em 2013, mas a partir de 2016, com a expansão da educação infantil, ela ganhou as ruas. A questão do brincar, anteriormente, ficava muito restrita à escola”, explica Almeida.
Com o retorno do isolamento de dois anos causado pela pandemia de covid-19, a cidade decidiu colocar a educação como tema central das suas políticas públicas. Com isso, sob influência da Jornada de Mobilização da Semana Municipal do Brincar na Lei, Butiá institucionalizou neste ano a Semana Municipal do Brincar, com a sua inclusão no calendário oficial.
E, com o apoio público, o brincar se espalhou pela cidade. Todas as escolas municipais pintaram amarelinhas pelas ruas da cidade. “A ideia deste ano foi pintar amarelinhas para tornar o caminho da escola mais lúdico, porque a gente sabe que a amarelinha provoca no adulto aquele resgate da sua própria infância. E aí a gente pode perceber o quanto faz bem a questão do brincar para a cidade inteira”, opina.
Para a educadora, a participação dos adultos é fundamental para que o brincar seja respeitado e multiplicado. “O brincar está sempre ali, os adultos só precisam lembrar. Quando os adultos se lembram de como o brincar é bom, eles começam a respeitar também o trabalho na escola. E o trabalho da educação infantil precisa do respeito dos adultos para acontecer”, conclui.